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“Eu vos farei pescadores de Homens” (Mt. 4.19)”

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Meditação: Ser feliz


Numa entrevista que Judite Sousa fez ao sociólogo António Barrêto foi querer saber se o povo português era feliz? António Barrêto respondeu-lhe dizendo-lhe que Sarcozy, Presidente da França, tinha encomendado aos sábios da França se o povo francês era feliz. Disse mais António Barrêto que a resposta dos sociólogos e todos aqueles que se interessam pelo bem estar das pessoas o informaram que não tinham nenhuma resposta para lhe dar, ou seja, não sa-
biam dizer se o povo era feliz ou não?
Estava eu a considerar este assunto de ser feliz ou
não quando me perguntei se eu era feliz? Pensei que era feliz mas também pensei que não era totalmente feliz.
Este conceito de felicidade depende, primeiramente, de saber o que é ser feliz?
Creio que a pergunta que Judite Sousa fez a António Barrêto era mais no sentido de saber se a crise financeira em que os portugueses vivem se era causadora da tristeza do povo? Talvez também na mesma linha Sarkozy quisesse saber se o povo francês era feliz o mesmo como quem mede a temperatura para saber se está doente. Creio que existe da parte dos que governam testar se a forma de governar contribui para a felicidade ou a infelicidade do povo? Creio que não se pode massificar um povo se é ou não feliz em virtude de a felicidade ser impossível de avaliar como quem procura saber a cotação na bolsa.
Lembro-me que Fernando Pessoa uma vez afirmou que o povo triste é feliz. Parece uma contradição bem à moda pessoana de explicar tudo que requer maior substância. Permito-me interpretar dizendo-vos que os povos que parecem alegres são infelizes e os que parecem infelizes são alegres. Diz-se que o povo brasileiro é um povo alegre por causa da forma como enfrenta as dificuldades da vida. É como o ditado português que diz que quem canta seu mal espanta. Se não há como espantar mal não há necessidade de cantar.
Talvez aqui haja uma coerência de que não é pelo rosto que se pode avaliar se uma pessoa é feliz. O conceito de felicidade atingiu a igreja a partir do século XVIII e em especial os Estados Unidos. O povo negro dos Estados Unidos sempre cantava desejando o céu porque o sofrimento era grande. Os nortistas receberam a doutrina da igreja calvinista em que Deus promete abundância de bens e de saúde. Este conceito de paraíso de felicidade consistia em que cada família deveria ter uma casa com jardim com grama e pelo menos dois carros sendo um descapotável. Esta forma de ser feliz foi exportada para várias partes do mundo e de certa forma os povos idealizavam que ser feliz era dispôr de bens à moda americana. É sempre difícil para o homem fazer na terra o céu porque se nós já somos felizes na terra porquê desejar o céu? Por outro lado
os negros do sul dos Estados Unidos não tinham prazer na terra e com a “soul music” sonhavam com o céu onde os anjos dão cambalhotas nas nuvens e as ruas são de ouro e a grande mansão que cada um terá segundo a promessa de Jesus.
Quando eu afirmei que era feliz mas não totalmente feliz talvez quisesse dizer que me identificava com o “soul music”. Façam o favor de serem felizes. Maranata.
Casal com uma missão
Amilcar e Isabel Rodrigues

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