“Então, designou doze para estarem com ele e para os enviar a pregar” (Marcos 3.14).
Refiro-me ao trabalho duplo de Deus o seu agir em nós e através de nós para que tanto nós quanto outros, sejamos moldados à imagem do seu Filho. Ele salva a nossa vida pecado a fim de nos usarmos para salvarmos outros. Ele transforma a nossa vida a imagem de seu Filho a fim de que outros também sejam transformados. Jesus fez isso com seus discípulos como vemos no versículo supracitado. Antes de enviá-los ao mundo, ele os trouxe para sua presença. Antes de dizer para eles: “Ide, por todo o mundo e pregai o evangelho a toda a criatura”, disse: “Vinde a mim, e eu vos farei
pescadores de homens”.
Os discípulos, após estarem com Jesus por três anos, ouvindo seus ensinamentos, vendo sua forma de agir e de operar milagres, estavam preparados para saírem em seu Nome a fim de cumprirem sua missão. Até os seus adversários perceberam que eles estiveram com Jesus por causa da sua disposição de pregarem ousadamente em Nome do Cristo ressurreto: “Ao verem a intrepidez de Pedro e João, sabendo que eram homens iletrados e incultos, admiraram-se; e reconheceram que haviam eles estado com Jesus” (Atos 4.13).
Muitas vezes, ao percebermos que ainda há vários povos da terra sem o evangelho e sem a Bíblia traduzida nas suas línguas maternas, queremos sair o mais rápido possível em direção a eles. Isso é bom, mas não pode ser em detrimento do trabalhar de Deus em nós. Nós ocidentais somos muito apressados para fazer alguma coisa, todavia, tardamos para ser alguma coisa. Somos rápidos para construir um avião, porém demoramos em ser um bom pai, um bom marido e um bom cristão. Ficamos ansiosos para Deus trabalhar através de nós, mas não insistimos tanto para ele trabalhar em nós.
Louvo a Deus porque a igreja evangélica brasileira, especificamente a IPB tem acordado para o desejo de Deus de alcançar os povos da terra com o evangelho de Cristo. A cada ano temos visto mais missionários sendo enviados aos campos transculturais e mais igrejas participando do suporte desses missionários: espiritualmente e financeiramente. Temos experimentado essa grande bênção em nosso trabalho missionário na Guiné-Bissau. Nesse afã missionário, um alerta é válido: O desejo de ver os outros transformados não pode cegar a nossa necessidade de transformação. A igreja evangélica brasileira não pode se esquecer de que Deus tem muito para trabalhar nela a fim de que continue trabalhando através dela.
Precisamos que Deus trabalhe em nós para alcançarmos profundidade bíblica; para que haja cooperação para o avanço do reino de Deus, para que digamos não ao materialismo e ao consumismo desenfreado; para que apliquemos sabiamente os recursos disponíveis nas igrejas e nas famílias na obra missionária; para que o ministério pastoral e missionário seja uma vocação de Deus e não um passatempo, uma aventura, uma oportunidade de emprego ou de esconder frustrações da vida.
Sou um grande entusiasta do movimento missionário dentro da nossa igreja. Mas, desejo que esse movimento produza frutos verdadeiros e duradouros. Por isso, insisto que clamemos para Deus agir através de nós, mas clamemos também para que Deus haja em nós. Disso depende o bom andamento da missão, depende a sobrevivência, humanamente falando, dos campos e dos missionários brasileiros em missão pelo mundo. Oremos, então por um agir poderoso de Deus na base e na linha de frente, nos que vão e nos que ficam, no Brasil e no mundo. Amém.
Rev. Paulo Serafim
APMT – Guiné-Bissau
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